segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Joana: a guerreira, a santa e a menina

Eu gosto especialmente de livros e filmes que humanizam a figura de uma personalidade histórica, de alguém que, em decorrência de suas ações, transformou a realidade de outras pessoas e tornou-se conhecido no mundo todo. Essa percepção de alguns escritores e cineastas permite que nós nos aproximemos desses cidadãos ilustres, passando a entender ainda mais sobre seu comportamento e motivações.

A sugestão de leitura do post de hoje é A Vida de Joana D’Arc, do escritor gaúcho Érico Veríssimo. Li o livro há alguns anos sobre a heroína francesa para fazer um trabalho da escola e imediatamente a narrativa chamou a minha atenção. É um livro que aguça sua curiosidade pelos detalhes a respeito das vivências da personagem que se destacou durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), quando seu país enfrentou a Inglaterra, e pela forma com que a história é conduzida, já que não se fixa o tempo todo em Joana, dando espaço a outras personagens, como o pai da menina.
Joana aparece em tela de Jean-Auguste
Ingres, quadro exposto no 
Museu do Louvre, em Paris 

O processo de transformação da garota, uma simples camponesa, em guerreira também é um aspecto explorado na trama, assim como a dificuldade da moça em ser ouvida na Corte ou pelo Exército. Imagine a situação: uma adolescente, de origem humilde, sem quase nunca ter saído de casa nem guerreado, propondo ir para a Guerra e querendo ser levada a sério pelos adultos.

Outra questão evidenciada pelo autor são os episódios em que a mocinha ouve as vozes e vê São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida e que tais visões a impulsionam para o objetivo maior, que era salvar e libertar a dividida França do domínio inglês. Ao longo da narrativa, a moça vai ganhando o apoio da população, dos cavaleiros e de autoridades, ao mesmo tempo que aumenta o número de opositores.

Um dos momentos críticos é quando a jovem é capturada e entregue aos ingleses, após liderar um ataque a Paris. Na prisão, a fé da moça é testada e aflição da jovem não cessa. Joana acaba sendo condenada à fogueira, considerada herege e praticante de bruxaria.

O livro de Érico, entretanto, não termina com esse triste desfecho. O escritor redige uma carta emocionada para Joana explicando os fatos posteriores à sua morte, contando que o país conseguiu derrotar os ingleses e que a Igreja reconheceu, enfim, a inocência da jovem, beatificando Joana e tornando-a Santa. Apesar do pouco tempo de vida, a jovem conseguiu eternizar seu nome e ajudou a levantar uma nação inteira, tentando unificá-la em torno de um ideal. Espírito de guerreiro em corpo de menina.

No Cinema
A atriz Milla Jovovich viveu a personagem no filme Joana D’arc. A produção tem boas cenas, diálogos interessantes, mas achei que Mila já tinha certa idade para interpretar a moça e não achei diferença entre a interpretação dela para esse filme e outros papéis que já fez.

Mila
Inspiração
Não consigo ver a Kristen Stewart em Branca de Neve e o Caçador usando armadura e não pensar que se trata de uma referência à heroína francesa. Claro: a menina, aparentemente fraca, que ajuda a travar a resistência perante o Exército inimigo, e que é transformada em guerreira em pouco tempo. Esse traço vem para acrescentar à personalidade da princesa uma característica que a aproxima das mulheres atuais, que não ficam esperando o Príncipe Encantado e vão à luta para defender seu reino, ou adaptando para os dias de hoje, o espaço no mercado de trabalho, na universidade e em outros campos.
Kristen



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