quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

(Re) Construindo a realidade: “Brick by Boring Brick”, do Paramore

Olá, pessoal! Depois de um longo tempo sem postar nada no blog, estou retomando as postagens por aqui. Esse hiato, na verdade, ocorreu porque, como comentei anteriormente em outro texto, minha vida mudou no campo profissional e, no novo emprego, tive que me dedicar quase que integralmente e não consegui realmente escrever para o História de Jornalista. Só que agora em 2015 estou decidida a mantê-lo atualizado e também estou terminando de reformulá-lo visualmente.

Este ano é mais um período de novas experiências para mim, mas estou otimista que serão válidas e tentarei – espero! – ficar tranquila para enfrentar os novos desafios que virão. Nesse ritmo, o post da reinauguração das postagens (rsrs) teria que ter ligação com a questão do recomeço. Por isso, resolvi “ressuscitar” uma música – talvez a minha preferida – da banda Paramore para explicar sobre mudança, desafios e processos que você tem que enfrentar durante a vida e as consequências disso tudo.

Na faculdade, “Brick by Boring  Brick” motivou um trabalho sobre semiótica e aí meu grupo apresentou algumas simbologias por trás da canção e do vídeo. Dá uma olhada e depois leia abaixo o restante do post, com spoiler.
Em linhas gerais, a canção traz a perda da inocência e o desligamento da infância. O personagem da cantora Hayley duplicado, representado pela artista e pela menina, divaga sobre os monstros e dificuldades que precisa enfrentar pelo caminho, como uma Chapeuzinho Vermelho que desbrava a floresta e não conhece  (ou finge não saber) sobre as reais intenções do Lobo Mau. Esse mesmo personagem fala sobre si mesmo em terceira pessoa, conhecendo-se a fundo, mas mantendo um distanciamento, quase como alguém que observa um terceiro cometer um erro, sabendo o que o espera.

(...) “Eu disse a ela que os ângulos estavam todos errados
Agora ela está arrancando asas de borboletas

Há também um desalento presente na canção, motivada pela percepção que a vida não é um eterno sonho ou paraíso e que a realidade é bem mais dura e cruel. A chegada da vida adulta e todo o turbilhão que acompanha esse processo (problemas, responsabilidade, o trabalho, a formação da família), somando a esse fato a cobrança da sociedade para que as pessoas sejam bem-sucedidas, podem se tornar um grande fardo.

Assim, as pessoas mergulham em suas rotinas, deixando os sonhos para depois, já que, devido às dificuldades, são encarados como devaneios, bobagens e inalcançáveis. A possibilidade da realização, de que algo pode, a longo prazo, dar certo, é entendida como uma espécie de miragem e esse tipo de visão é desacreditada. Ao mesmo tempo, o inatingível pode ser encarado como possível, submergindo a pessoa em uma ideia fixa que pode não se realizar. Essa inversão do real e imaginário me fez lembrar do filme A Origem, pois a personagem Mal Cobb (Marion Cottilard), depois de ser convencida pelo marido, Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), a viver no universo dos sonhos e voltar à realidade, acreditava que ainda estava sonhando, quando, na verdade, estava no mundo real, e acabou se matando, já que esse era o gatilho para voltar à realidade.
                          
                                

(...) “Então, vá pegar sua pá
E vamos cavar um buraco fundo
Para enterrar o castelo, enterrar o castelo

De volta à música, durante a jornada, a garotinha descobre que o castelo reluzente e belo virou uma fortaleza sombria e ameaçadora, assim como os personagens que encontrou pelo caminho. Percebendo o perigo, a menina corre e sai do local. Quando pensou que escapou do perigo, a jovem cai em uma cova, um buraco que estava sendo cavado no começo do clipe pelo músico da banda, Josh Farro. Engraçado, as pessoas que viram o vídeo e com as quais conversei se surpreendem não porque a última cena é a mocinha caindo, ou seja, subentende-se que não houve final feliz, contrariando a lógica dos Contos de Fadas atuais, mas sim porque a cantora não ajuda a menina e ainda joga a boneca com descaso, parecendo selar, com esse gesto, seu enterro. O brinquedo seria o último elo que liga o personagem àquele mundo.
Há outros elementos interessantes: a borboleta, simbolizada pelas asas da menina e pelo próprio inseto, que evoca a transformação, a jovialidade e a fragilidade da existência e o espelho, como fonte de vaidade e destruição. Apesar da atmosfera do vídeo, uma das últimas mensagens demonstra o “coração” da música.

(...) “Se é verdade, é real
Você pode enxergar com os seus olhos
até mesmo na escuridão”.

Uma boa semana aos leitores!

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