sexta-feira, 27 de maio de 2016

“Capitão América”: Ação e humor com muitas referências

Foto: Marvel/Divulgação/http://www.goal.com.
“Capitão América: Guerra Civil” reúne personagens já presentes no universo cinematográfico da Marvel, mas apresenta outros e novos heróis que já roubaram a cena em pouco tempo de aparição na telona.


Na trama que se passa após os acontecimentos de “Vingadores: Era de Ultron”, os heróis são avisados que, para evitar mais eventos catastróficos e garantir a segurança da população, precisarão assinar um tratado para agir apenas quando forem solicitados e, assim estarem, subordinados ao governo. Tony Stark (Robert Downey Jr), apesar de agir ao longo da trilogia "Homem de Ferro" de forma independente e sem dar satisfação ao governo, passa a avaliar de forma diferente a atuação dos vingadores e sente o peso da culpa ao se deparar com as consequências de cada combate do grupo. No terceiro filme de sua franquia, Stark já dá sinais do esgotamento e das neuroses que o consomem.

Por outro lado, Capitão/Steve Rogers (Chris Evans) se vê contrariado pela nova imposição e arrisca-se ainda mais ao tentar salvar o amigo Bucky (Sebastian Stan), transformado pela Hydra em Soldado Invernal, das autoridades e inimigos e ainda de si mesmo. 

E a tensão crescente entre Tony e Steve vai se acentuando e resultando em cenas cheias de ação com diálogos rápidos e perspicazes, que ora provocam o alívio cômico, ora fazem refletir sobre a missão e o peso que cada herói possui ao tentarem salvar o dia e a culpa quando não são bem-sucedidos. 

Afinal, por mais que tenham poderes, ainda são humanos e é justamente a preocupação com o outro, a consciência  da responsabilidade, que leva os guerreiros à ação.

Apesar do filme apresentar um modelo semelhante ao de outras produções do estúdio e um final morno, consegue divertir, envolver o público e despertar curiosidade sobre o que está por vir.

Pontos fortes

- A inserção de novos personagens é boa e eles interagem bem com a história;
- Os personagens secundários ganham destaque em cenas e diálogos interessantes;
- O humor e as referências estão lá e divertem;
- As cenas de ação fisgam o público.

Pontos fracos

- O final não é impactante e até quebra um pouco a ação construída. Resolução do conflito ou a direção dele fica um tanto diluída;
- Cenas que só ligam outras ou servem para explicar fatos ou personagens poderiam ser encurtadas ou até retiradas.

Atenção, Spoilers!

Foto: http://mixme.com.br.

"Guerra Civil" também conta com grande orquestrador, que põe os heróis para brigar, em busca de vingança. Zemo (Daniel Brühl) se faz passar por Bucky, causa uma explosão que acaba matando o pai do Pantera Negra (Chadwick Boseman), ativa o lado "máquina assassina" do Soldado Invernal e instiga os heróis a brigarem no ato final quando revela que Bucky matou os pais de Stark quando estava sob os efeitos da lavagem cerebral promovidos por sua transformação.

Apesar de todos os envolvidos serem adultos conscientes de seus atos, é o emocional que vai controlando e dando o “start” as ações que vemos ao longo da trama. 

É o sentimento de impotência mais a sede de vingança que move Zemo, Pantera e Stark, em diferentes momentos, por mais que os dois últimos tivessem conhecimento que Bucky estava com a mente alterada.

O interessante é que, apesar de ser um filme de ação, o tema “família” está fortemente ligado à trama, em relações com vínculos de sangue ou não. A preocupação com o bem-estar ou a dor da perda de um ente querido são sentimentos presentes entre amigos e familiares que se preocupam uns com os outros e com os heróis não é diferente.

Repare no engajamento e posição assumidos pelos personagens e que vão movendo a trama: Zemo põe os heróis para brigar para “pagarem”, de alguma forma, por todo o sofrimento causado pela perda dos familiares; Stark, até então ao longo dos filmes “desapegado” e humorado, vai saindo de sua versão mais controlada até  perder a cabeça ao descobrir como os pais morreram, e Rogers, ao fazer de tudo para salvar Bucky, seu velho amigo de juventude.

Além disso, vemos dinâmicas interessantes, que lembram levemente situações pelas quais talvez você possa ter passado: o professor ou figura paterna que dá o conselho que faltava para você agir, papel que coube ao Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) ao chamar Wanda (Elizabeth Olsen) para a luta. Interessante: novamente fazendo “papel de irmão”, depois de fazer “João e Maria”, o personagem de Renner é, entre os vingadores, o que mais se assemelha ao pai mais tradicional, com esposa, filhos e uma casa em um ambiente quase de comercial de margarina (?!), como se isso fosse possível.

Já sua outra amiga, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), faz “aquela amiga não tão presente”, mas que cuida o outro de longe, agindo a favor do amigo, mas com cautela e observando os movimentos de todos.

Ah, e sem falar no Teioso, que compõe, com a tia May (Marisa Tomei), uma família também. Um tanto oscilante, mas rápido e muito engraçado, o novo Peter Parker, interpretado por Tom Holland, é  nerd e, ao mesmo tempo, descolado. A parte em que consegue deter Bucky poderia só impressionar pela força do Cabeça de teia, mas ficou hilária quando o garoto elogia o braço de metal do amigo do Capitão. Em outra cena, o Aranha tenta colocar em prática um plano para derrubar o Homem-Formiga e pergunta: “Você viram aquele filme ‘O Império Contra-Ataca’?”, no que o Máquina de Combate (Don Cheadle) dispara: “Tony, que idade tem esse muleque?”. Hilário.

Recomendo! Um bom filme e uma ótima semana.



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