Pense em um dia de coletiva ou uma
entrevista na qual você tem que anotar boas informações, para depois
organizá-las e, finalmente, escrever sua reportagem, aquilo que vai virar
notícia. Só que no dia a dia do trabalho
do jornalista há pouco tempo para se fazer tudo o que se precisa.
E o tempo é o pior inimigo! Você programa
as tarefas, vê o que tem que fazer em primeiro lugar, mas eis que surge um
telefonema mais demorado (“poxa, justo agora que eu ia terminar aquele texto!”),
um acidente no meio do caminho (a notícia não “avisa” quando acontece, aí você
fica com duas matérias para terminar, aquela que você já tinha em mente, e a outra)
ou a falta de luz ou internet.
Foto: http://esquizofreneticoblues.blogspot.com.br/ |
Esses empecilhos só deixam você mais estressado até ver seu trabalho concluído. Outro fator que atrapalha bastante e pode se tornar uma tortura é a sua letra. Quem nunca penou para entender o que estava escrito em um papel não sabe o que é um garrancho!
Eu sempre fiz caligrafia, mas ao invés
de gostar, acho que desenvolvi uma rejeição instantânea a esse método de
treinar a escrita. Quando comecei a trabalhar como jornalista é que a letra
começou a enfear.
- “Mas o que é que está escrito aqui?”
- “É ‘escrito corretamente’, essa é a
frase”.
- “Eu acho que você escreveu qualquer
coisa aqui, menos isso”.
Além das brincadeirinhas óbvias, quando
as pessoas liam as minhas anotações. “Treinando a letra de médico, né?” ou “que
idioma é esse aqui, hein?”, só para citar algumas.
Ah, mas minha gente dá um
desconto: uma correria para pegar aquela frase do discurso da autoridade, para
acompanhar o ritmo do entrevistado e, no fim, você nem se preocupa com a letra,
sim, aquela ingrata que, às vezes, faz você decifrar o que está escrito no
bloquinho de anotações.
Hoje estou tentando voltar às boas com
a bendita, mas, às vezes, temos nossos desentendimentos. É um a que parece um o e vice-versa, só que desta vez acho que estou melhorando. Os
bloquinhos – e os olhos – agradecem!
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