segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Como se fosse outubro novamente

Cena do filme. Foto: divulgação.
Uma mulher bate com a cabeça e todo o dia precisa se lembrar do que fez porque não consegue reter novas memórias. Até parece roteiro de filme, mas a história da inglesa Nikki Pegram, destacada pela BBC, é real e nos faz pensar se realmente ter a possibilidade de esquecer das coisas é a melhor escolha.


Nikki saia de um hospital, após uma consulta, quando caiu devido a um problema no joelho. Com a queda, ela sofreu perda de memória e acorda sempre pensando se tratar daquele dia, 15 de outubro de 2014.

A história dela lembra muito o filme “Como se fosse a primeira vez”, estrelado por Drew Barrymore e Adam Sandler. Na trama, Lucy (Drew) sofreu um acidente de carro e acorda sempre achando que é o dia em que se acidentou. O pai e o irmão fazem de tudo para que ela não descubra a verdade, para não ficar confusa e sofrer. Só que ela conhece Henry, que a ajuda recuperar as lembranças diárias com vídeos sobre os acontecimentos do mundo e de sua própria vida pessoal.

Nikki e o marido Chris Johnston.
Foto: Chris Johnston/BBC.
No caso de Nikki, são os diários que ela mantém que a ajudam a relembrar os fatos e não se perder.

Apesar de estar sempre em superação, o estado da inglesa deixa a família apreensiva. Mas, afinal: seria melhor deixar a pessoa acreditar que estava vivendo aquele mesmo dia, como no caso da personagem, ou estimular a recuperação, ainda que seja um processo longo e incerto?

É que a primeira situação remete a ideia de que evitar o confronto com a realidade assegura a estabilidade e o controle da situação, mesmo observando que, basta um detalhe, uma informação distoante, e o cenário orquestrado vem a baixo. No filme, temos bem a situação, quando a protagonista tem problemas com seu veículo e ela descobre que havia se passado muito tempo e todos haviam mentido para ela.

Por outro lado, o cenário pode ser extremante desalentador, já que, mesmo com todo o esforço, no filme, haveria possibilidades da jovem realmente apresentar alguma melhoria, nada muito certo. E na vida de Nikki, cada dia é um desafio, para si mesma e família.

E, muitas vezes, a verdade não é uma escolha para as pessoas, que preferem formas mais “enfeitadas” do cotidiano, recortes da realidade, já que esta nem sempre conforta.

A verdade pode ser dura ou difícil, mas é, muitas vezes, o que você tem de mais concreto, para poder, a partir daí, recomeçar. No meio de tantas mentiras ou meias verdades, não se começa nada ou progride. Dessa forma, você ficará apenas onde está, com a vida correndo diante de si e a idade chegando em um piscar de olhos. 

Fonte: BBC.

Obs: não gosto muito de filmes com o Adam Sandler, mas há algumas músicas legais nesse que citei no texto, principalmente “Somewhere Over The Rainbow What A Wonderful World”. 

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