quarta-feira, 24 de junho de 2015

“O Preço de uma Verdade”: quando o jornalismo vira ficção

O erro ou falha é algo comum na vida, só que dependendo da ação envolvida, pode resultar em graves consequências. No campo profissional, nem se fala. Imagine um médico errando e comprometendo a saúde do paciente? Ou um juiz que dá uma sentença errada e prejudica ou favorece erroneamente?

Só que há uma diferença entre o erro decorrente da falta de atenção, domínio do assunto ou envolvendo causas externas (tempo, clima, trânsito) e má fé. A atitude que pode levar a um erro pode demonstrar que há muito mais por trás do que se imagina. 

No jornalismo, não é diferente, até porque todos os dias os jornalistas precisam deixar as pessoas informadas sobre o que acontece no mundo, driblando a falta de tempo e outras dificuldades que aparecem pelo caminho. Antecipar fatos antes da concorrência e trazer sempre notícias novas e interessantes são alguns dos desafios enfrentados. Só que no meio do caminho, há, às vezes, “derrapadas”: uma frase mal colocada aqui, um erro de digitação ali e você vê que esses profissionais são apenas humanos e não há nada de glamour nesse jornalismo do dia a dia.

O problema é quando na pressão por novos “furos” ou por “ego inflado”, o jornalista faz o que não poderia: transforma o imaginário em real. É o que vemos em “O Preço de uma Verdade”, filme baseado na história real de um jornalista que inventou situações relatadas como verídicas em artigos para a Revista New Republic. Dos 41 textos de autoria do rapaz, 27 apresentavam essas histórias fantásticas e inventadas.

Na redação, o prestígio de Stephen Glass crescia, pois todos queriam ouvir como o rapaz conseguia aquelas histórias. O ator Hayden Christensen (o Anakin Skywalker/Darth Vader de Star Wars Episódios II e III) apresenta um personagem “cheio de si”, mas extremamente inseguro e sedento por “aplausos”.

Enquanto isso, os outros colegas que realmente trabalhavam, sentiam-se ofuscados e chateados. Só que o incrível é que ninguém questionava muito como o jovem conseguia os “furos” e o garoto aproveitava também o fato de que o chefe simpatizava com ele. Em uma cena e outra, você consegue perceber que o jornalista titubeia ao comentar fatos do dia a dia, mas ele segue enganando a todos até a chegada do novo editor, Charles Chuck Lane (Peter Sarsgaard, de A Órfã).
Temendo que fosse descoberto, o jovem logo trata de convencer os colegas que o recém-chegado poderia não ser tão bom quando o outro e tenta criar certo atrito entre e a redação e o outro jornalista.

Até que um dia, Stephen tropeça nos próprios cadarços. Recebendo as reclamações do chefe por não ter informações sobre uma suposta notícia, o jornalista da Forbes Digital e sua colega começam a investigar sobre a pauta comentada em um dos artigos de Stephen, “O Paraíso dos Hackers”. O rapaz acaba sendo colocado contra a parede pelo chefe. Descobertas suas mentiras, Stephen é demitido.

Conforme mostra o filme, o jornalista desmascarado largou as redações para fazer o que mais sabia: contar histórias, não essas buscadas nas ruas, no cotidiano de trabalho, mas as inventadas ao sabor da ficção.


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