sexta-feira, 24 de abril de 2015

Resenha: A Cartomante

Um triângulo amoroso pode se tornar um grande perigo tanto na vida real quanto na ficção. Na literatura, por exemplo, grandes escritores sempre gostaram de mexer com o público colocando casais em situações complicadas antes do grande desfecho do livro, às vezes, feliz, triste ou até trágico.

A surpresa no caminho dos protagonistas é apenas um dos elementos que movimentará a história, que poderá se mostrar previsível ou não. Afinal, o ser humano é inconstante e, mesmo sendo racional e evoluído, por vezes, deixa-se levar pelo “calor do momento”, por impulsos que, se não controlados ou suavizados, podem causar verdadeiros estragos, motivados ou pelo amor ou pelo ódio.

No conto “A Cartomante”, o mestre Machado de Assis traz a história de um homem, Camilo, que está dividido e confuso com relação a vários aspectos da vida: é amigo há anos de um rapaz, Vilela, mas mantém um caso com Rita, esposa do mesmo; e, ao mesmo tempo que se diz alguém cético e racional, vez por outra deixa-se levar pelo misticismo e esoterismo. É uma pessoa com grandes interrogações na cabeça, inseguranças e certezas frouxas.
O escritor
Já o marido traído parece ter mais convicção com relação ao que acredita, contrapondo-se à mulher, que se mostra um tanto oscilante em suas ações. Há ainda a personagem-título que aparece apenas uma vez na trama, mas é talvez a grande responsável pelo final da história, demonstrando que, como o próprio escritor mostrou em outra obra, “Quincas Borba”, que o vencedor será aquele que melhor usar as armas que tem, independentemente do que isso significa na prática: em uma guerra tudo é válido e a palavra de ordem do mundo atual é sobreviver. “Ao vencedor, as batatas”.

A respeito dessa personagem, quando li o conto pela primeira vez, há alguns anos (nem tantos assim, ok?) foi a que mais me chamou a atenção, tanto que, quando tive que apresentar um trabalho e meu grupo ficou com esse texto, eu escolhi representar a tal cartomante. 

Lembro que, para dar mais veracidade, coloquei um lencinho na cabeça e um vestido meio hippie da minha mãe. Só que acho que era inverno ou estava frio e fui me apresentar usando os meus All Star, que eu não pude esconder. Então, você imagine, literalmente, a cena.

Voltando à personagem, se ela fala mais de uma frase no texto ainda é muito, mas a ação que ela desencadeia...bem, essa é minha sugestão de leitura e espero que tenham gostado. Se você quiser conferir esse conto, clique aqui.

Pretendo também nos posts futuros explorar mais os contos machadianos e, claro, tratar mais das obras desse escritor que é um dos meus favoritos. Um abraço!

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