Um
triângulo amoroso pode se tornar um grande perigo tanto na vida real quanto na
ficção. Na literatura, por exemplo,
grandes escritores sempre gostaram de mexer com o público colocando casais em
situações complicadas antes do grande desfecho do livro, às vezes, feliz, triste
ou até trágico.
A
surpresa no caminho dos protagonistas é apenas um dos elementos que movimentará
a história, que poderá se mostrar previsível ou não. Afinal, o ser humano é
inconstante e, mesmo sendo racional e evoluído, por vezes, deixa-se levar pelo “calor
do momento”, por impulsos que, se não controlados ou suavizados, podem causar
verdadeiros estragos, motivados ou pelo amor ou pelo ódio.
No
conto “A Cartomante”, o mestre Machado de Assis traz a história de um homem,
Camilo, que está dividido e confuso com relação a vários aspectos da vida: é
amigo há anos de um rapaz, Vilela, mas mantém um caso com Rita, esposa do
mesmo; e, ao mesmo tempo que se diz alguém cético e racional, vez por outra
deixa-se levar pelo misticismo e esoterismo. É uma pessoa com grandes
interrogações na cabeça, inseguranças e certezas frouxas.
O escritor |
Já
o marido traído parece ter mais convicção com relação ao que acredita,
contrapondo-se à mulher, que se mostra um tanto oscilante em suas ações. Há ainda
a personagem-título que aparece apenas uma vez na trama, mas é talvez a grande
responsável pelo final da história, demonstrando que, como o próprio escritor mostrou
em outra obra, “Quincas Borba”, que o vencedor será aquele que melhor usar as
armas que tem, independentemente do que isso significa na prática: em uma
guerra tudo é válido e a palavra de ordem do mundo atual é sobreviver. “Ao
vencedor, as batatas”.
A
respeito dessa personagem, quando li o conto pela primeira vez, há alguns anos
(nem tantos assim, ok?) foi a que mais me chamou a atenção, tanto que, quando
tive que apresentar um trabalho e meu grupo ficou com esse texto, eu escolhi
representar a tal cartomante.
Lembro que, para dar mais veracidade, coloquei um
lencinho na cabeça e um vestido meio hippie da minha mãe. Só que acho que era
inverno ou estava frio e fui me apresentar usando os meus All Star, que eu não
pude esconder. Então, você imagine, literalmente, a cena.
Voltando
à personagem, se ela fala mais de uma frase no texto ainda é muito, mas a ação
que ela desencadeia...bem, essa é minha sugestão de leitura e espero que tenham
gostado. Se você quiser conferir esse conto, clique aqui.
Pretendo
também nos posts futuros explorar mais os contos machadianos e, claro, tratar
mais das obras desse escritor que é um dos meus favoritos. Um abraço!
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